31/01/2014

Tão bizarro quanto uma Laranja Mecânica



" - Então, o que é que vai ser, hein? Éramos eu, ou seja, Alex e meus três druguis, ou seja, Pete, Georgie e Tosko. Tosko porque ele era muito tosco,  e estávamos no Lactobar Korova botando nossas rassudoks pra funcionar e ver o que fazer naquela noite de inverno sem vergonha, fria, escura e miserável, embora seca."

Laranja Mecânica, pág 3.
Ficou confuso(a)? Não entendeu nada? Stop and read: "Laranja Mecânica".

Décimo oitavo livro de Anthony Burgess, e o que lhe trouxe mais fama, Laranja Mecânica - no original A Clockwork Orange - , é singular em muitos pontos. A narração ágil, a criação de neologismos à lá Guimarães Rosa, o fluxo de pensamentos entre o que é certo e o que é fácil, que  se passam na mente de Alex, o protagonista, nos fazem perceber, que este livro não é um livro qualquer.

Marcado por uma grande crítica social, o livro é uma distopia publicada em 1962. Baseado em fatos reais (a mulher de Burgess foi estuprada em 1944 por quatro jovens estadunidenses), a história retrata uma sociedade inglesa, de um futuro nem tão longíquo, marcada  por grandes acessos de violência praticados pelos jovens (seria essa uma previsão do século XXI, feita por Burgess?).

Laranja Mecânica se divide em duas partes. O protagonista em múltiplas facetas. O leitor deve estar então, apto para analisar as nuances que cercam a escrita genial de Burgess, o que convenhamos, é um pouco complicado pelo uso do nadsat*, a escolha dessa técnica entretanto, acrescenta e muito à história, deixando-a totalmente diferente e interessante.

Há também uma adaptação cinematográfica do romance, dirigida por Kubrick, lançada em 1971, que cobre aspectos significativos da obra. Sem dúvida nenhuma, também é algo que não deve ser ignorado.


Stoprocrastinar caro drugui, e leia essa razkaz**.

NOTAS:
*Nadsat: É um vocabulário criado por Anthony Burgess para os diálogos dos delinquentes em Laranja Mecânica. Baseado na língua russa e no cockney, o linguajar da classe operária britânica. A linguagem causa estranhamento nos leitores e os termos eslavos e palavras rimadas exigem dedução para o entendimento, por esse motivo, a maioria das edições do romance são acompanhadas por um glossário.
**razkaz: história.

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